Coca-Cola e Açúcar de Cana: Um Debate Local em Portugal

Editado por: S Света

A recente notícia de que a Coca-Cola nos Estados Unidos substituirá o xarope de milho de alta frutose por açúcar de cana reacendeu um debate já existente em Portugal sobre a produção e o consumo de refrigerantes. Em Portugal, a discussão ganha contornos locais, com foco na saúde pública e nos hábitos de consumo da população. Em Vila Franca de Xira, por exemplo, um grupo de pais tem se mobilizado para exigir opções mais saudáveis nas escolas locais, incluindo a redução da oferta de refrigerantes e o aumento da disponibilidade de água e sumos naturais. Segundo dados da Direção-Geral da Saúde, em 2024, cerca de 30% das crianças portuguesas entre os 6 e os 9 anos apresentavam excesso de peso ou obesidade, um número alarmante que tem levado a iniciativas como a de Vila Franca de Xira. A mudança da Coca-Cola nos EUA levanta a questão: será que a filial portuguesa seguirá o mesmo caminho? Em Lisboa, a Associação de Defesa do Consumidor (DECO) tem promovido campanhas de informação sobre os malefícios do consumo excessivo de açúcar, alertando para os riscos de diabetes tipo 2 e outras doenças associadas. A DECO argumenta que a simples substituição do xarope de milho por açúcar de cana não resolve o problema de fundo, que é a alta concentração de açúcar nos refrigerantes. A associação defende a implementação de um imposto sobre bebidas açucaradas, como já acontece em outros países europeus, para desincentivar o consumo. Um estudo recente da Universidade Nova de Lisboa revelou que um imposto de 20% sobre refrigerantes poderia reduzir o consumo em até 15% e gerar receitas adicionais para o Estado, que poderiam ser investidas em programas de promoção da saúde. Para além das questões de saúde, a produção de açúcar de cana também tem implicações ambientais e sociais que merecem ser consideradas no contexto local. Em algumas regiões de Portugal, como a Madeira, a produção de cana-de-açúcar ainda é uma atividade importante, embora em declínio. A substituição do xarope de milho por açúcar de cana poderia, em tese, impulsionar a economia local, mas é preciso garantir que essa produção seja feita de forma sustentável, respeitando o meio ambiente e os direitos dos trabalhadores. A Câmara Municipal do Funchal tem incentivado a produção de açúcar de cana biológico, como forma de valorizar o produto local e promover práticas agrícolas mais sustentáveis. A decisão da Coca-Cola nos EUA, portanto, serve como um catalisador para um debate mais amplo sobre o futuro da alimentação e da produção em Portugal.

Fontes

  • Le Figaro.fr

  • Boursorama

  • Le Journal de Montréal

  • Zonebourse

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