Teste Sanguíneo para Preeclampsia: Uma Análise de Custo-Benefício para o Sistema de Saúde

Um novo teste sanguíneo que promete prever a pré-eclâmpsia até cinco meses antes dos sintomas se manifestarem levanta questões econômicas cruciais sobre sua implementação e impacto no sistema de saúde. O estudo apresentado na ESHRE 2025, que utiliza RNA livre de células (cfRNA) para identificar gestações de alto risco, pode representar uma mudança significativa na gestão da gravidez, mas também exige uma análise detalhada dos custos e benefícios associados. Em primeiro lugar, é essencial considerar o custo direto do teste cfRNA em si. Segundo dados da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (ABRAMED), o custo médio de um teste genético similar no Brasil varia entre R$500 e R$1500. Se o teste de pré-eclâmpsia se enquadrar nessa faixa de preço, sua ampla adoção pelo Sistema Único de Saúde (SUS) exigiria um investimento considerável. No entanto, esse custo deve ser comparado com os gastos atuais com o tratamento de complicações da pré-eclâmpsia, que podem incluir internações em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) neonatal e materna, medicamentos e intervenções cirúrgicas. Além disso, a implementação do teste pode gerar economias indiretas ao permitir intervenções precoces e personalizadas. Um estudo publicado na Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia demonstrou que o acompanhamento pré-natal intensificado em gestantes de alto risco pode reduzir em até 30% a incidência de complicações graves. Ao identificar precocemente as mulheres com maior probabilidade de desenvolver pré-eclâmpsia, o teste cfRNA pode direcionar recursos para aquelas que realmente necessitam, otimizando o uso dos serviços de saúde. Outro aspecto importante a ser considerado é o impacto do teste na produtividade econômica. A pré-eclâmpsia é uma das principais causas de morbidade e mortalidade materna no Brasil, afetando a capacidade das mulheres de retornar ao trabalho e contribuir para a economia. Ao prevenir ou mitigar as complicações da doença, o teste cfRNA pode aumentar a força de trabalho feminina e impulsionar o crescimento econômico. Em suma, a implementação do teste sanguíneo para pré-eclâmpsia representa um desafio econômico complexo, mas também uma oportunidade de melhorar a saúde materna e neonatal, reduzir custos no sistema de saúde e impulsionar a produtividade econômica.