O Federal Reserve (Fed) está a considerar uma redução na sua taxa de juros de referência, com uma reunião agendada para o final de julho de 2025. Esta decisão tem implicações globais, incluindo potenciais impactos em Portugal.
Recentemente, o Governador do Fed, Christopher Waller, defendeu uma redução de 25 pontos base na taxa de juros, citando a desaceleração do crescimento económico e os riscos crescentes para o mercado de trabalho. Waller argumentou que a atual taxa, acima do nível neutro de longo prazo, não reflete as condições económicas atuais e que uma ação antecipada poderia evitar que o Fed ficasse atrás dos desenvolvimentos económicos. Ele também destacou que a inflação induzida por tarifas é provavelmente temporária e não deve impedir ajustes na política monetária.
Por outro lado, a Governadora Adriana Kugler expressou a opinião de que o Fed não deve reduzir as taxas de juros no curto prazo, devido às pressões inflacionárias causadas pelas tarifas impostas pela administração Trump. Kugler enfatizou a importância de manter uma política monetária restritiva para ancorar as expectativas de inflação a longo prazo, apontando para aumentos significativos nos preços de bens importados e antecipando pressões inflacionárias adicionais devido a tarifas previstas.
Em Portugal, as decisões do Fed podem ser atenuadas por políticas internas. O governo português possui várias ferramentas que pode utilizar para impulsionar a economia, como o aumento dos gastos com infraestruturas e a facilitação do descongelamento do setor imobiliário. Um mercado imobiliário mais robusto poderia melhorar o sentimento do consumidor e estimular o consumo, que tem estado moderado nos últimos tempos.
As ações dos bancos centrais globais, incluindo as do Federal Reserve, têm um impacto significativo nas taxas de juros internacionais. As taxas de juros internacionais movem-se fortemente com as condições financeiras externas e, em particular, com as taxas de juros dos EUA. Um aumento de 100 pontos base nas taxas dos EUA pode levar a um aumento de cerca de 20 pontos base nas taxas de curto prazo noutros países, refletindo ciclos de negócios sincronizados e uma autonomia monetária limitada em alguns casos.
Em resumo, enquanto o Federal Reserve pondera ajustes na sua política monetária, as autoridades portuguesas têm a capacidade de implementar medidas internas para mitigar os impactos externos e apoiar a economia nacional.