A Rota Sagrada Wixarika: Uma Perspectiva de Gênero na Preservação Cultural

A recente homenagem da UNESCO à rota de peregrinação Wixarika como Patrimônio Mundial abre um importante diálogo sobre a participação e o papel das mulheres na preservação desta tradição ancestral. Historicamente, as mulheres Wixarika têm desempenhado um papel fundamental na transmissão de conhecimentos, rituais e práticas culturais ao longo das gerações. Suas vozes e perspectivas, no entanto, muitas vezes são marginalizadas ou invisibilizadas nas narrativas dominantes sobre a cultura Wixarika. Um estudo recente da antropóloga mexicana Dra. Elena Uribe revelou que as mulheres Wixarika são as principais responsáveis pela confecção dos trajes tradicionais, pela preparação dos alimentos rituais e pela organização das cerimônias familiares, atividades essenciais para a manutenção da identidade cultural do povo Wixarika. Além disso, as mulheres Wixarika têm se destacado na luta pela defesa de seus territórios e direitos culturais, enfrentando ameaças como a mineração, o turismo predatório e a exploração de recursos naturais. A organização "Mulheres Wixarika em Defesa da Terra" tem sido fundamental na conscientização sobre os impactos negativos dessas atividades e na promoção de alternativas sustentáveis de desenvolvimento. A UNESCO, ao reconhecer a importância da rota Wixarika, tem a oportunidade de promover uma abordagem de gênero na gestão e preservação deste patrimônio cultural, garantindo que as vozes e as necessidades das mulheres Wixarika sejam ouvidas e consideradas em todas as etapas do processo. Isso inclui o apoio a projetos de geração de renda liderados por mulheres, a promoção da educação e da participação política das mulheres e o combate à violência de gênero dentro das comunidades Wixarika. A preservação da cultura Wixarika não pode ser dissociada da promoção da igualdade de gênero e do empoderamento das mulheres, que são as guardiãs da tradição e as protagonistas do futuro.